A Saída Gradativa dos Judeus do Egito, da sua Terra Natal
Quando chega o momento de deixar o Egito
O Grão-Rabino do Egito Haim Nahum Effendi anuncia na Sinagoga do Cairo o momento de deixar o país durante a comemoração das Grandes Festas em setembro de 1960. Este foi um momento que presenciei com meus pais e meu avô Ibrahim. Eu tinha 11 anos e fiquei definitivamente marcado por este momento. Me emocionou a voz fraca e pausada do Grande Rabino e o porte dos seus óculos escuros que escondiam a pouca vida no seu olhar já em total cegueira. O Grão-Rabino estava se expressando para seu povo, seus seguidores e seus admiradores não apenas judeus, mas neste momento solene ele se expressava senão para todos, para homens e mulheres cultos que o respeitavam pela sua notoriedade e erudição.
Sempre nas grandes festas, a saída da sinagoga era festejada com abraços e sonoros “Shaná Tová”, mas não no Cairo de 1960 onde o ano novo se iniciaria com uma despedida por orientação do nosso Grande Guia Espiritual e Religioso. Um momento difícil que me cala até hoje.
Por volta de 1950, aos 78 anos, Nahum ficou totalmente cego, mas continuou a desempenhar suas funções da melhor maneira possível. Ele continuou a oficiar na sinagoga Shaar Ha Shamayim, e podia dar longas citações da Bíblia hebraica e textos rabínicos de memória. No entanto, ficou muito deprimido pelo que percebeu ser o inevitável declínio dos judeus egípcios. Sofrendo de doenças cada vez mais graves, finalmente sucumbiu em 13 de Novembro de1960, aos 88 anos. Foi enterrado no Cemitério Bassatin, nos arredores do Cairo. O funeral de Nahum foi assistido por milhares, incluindo muitos muçulmanos e cristãos.
Sami Douek
07/02/2022